Santa Maria del Rosario a Monte Mario
Santa Maria del Rosario a Monte Mario, conhecida como Madonna del Rosario a Monte Mario, é uma igreja de Roma localizada na Via Trionfale, 175, no quartiere Della Vittoria[1]. É dedicada a Nossa Senhora do Rosário.
História
[editar | editar código-fonte]Monte Mario é uma proeminente colina ao norte do Vaticano, o ponto mais alto da cidade de Roma (129 metros). No século XVII, ela era coberta por vinhedos e ainda hoje é dominada por áreas verdes. Em 1638, o famoso escritor e humanista Gian Vittorio Rossi financiou a construção de uma pequena capela num dos vinhedos no local para atender aos poucos habitantes da região, conhecida como Santa Maria del Rosario e della Febbre ("febbre" significa febre e é uma referência à malária, endêmica no vale do Tibre na época).
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/70/Madonna_Advocata.png/180px-Madonna_Advocata.png)
Quando Rossi morreu, em 1647, ele deixou uma herança aos monges da Ordem de São Jerônimo de Sant'Onofrio al Gianicolo para fundar um mosteiro no local. Em 1651, eles começaram a construção de uma nova igreja com base num projeto do arquiteto Camillo Arcucci, um pupilo de Bernini. A obra durou três anos.
Contudo, por algum motivo obscuro, o convento foi abandonado no final do século XVII. Em 1715, o papa Clemente XI entregou o complexo vazio aos frades dominicanos da congregação de San Marco em Florença. Eles a passaram para província lombarda da mesma ordem, que então determinaram que a igreja e o convento fossem reconstruídos sob o comando do arquiteto Filippo Raguzzini. O complexo foi reinaugurado em 1726[2].
No final do século XVIII, durante a ocupação francesa de Roma pelas tropas de Napoleão, os frades foram expulsos e a igreja foi saqueada. O convento foi deixado em ruínas até 1828, quando ele foi restaurado e a igreja foi elevada a sede de uma nova paróquia, cujo território foi recortado do de San Lazzaro dei Lebbrosi, do outro lado da colina, que também estava em ruínas. Em 1838, o nível da Via Trionfale sobre o Monte Mario foi alterado, tornando-se substancialmente mais baixo em frente ao convento. Um muro de sustentação foi construído e dotado de uma escada de acesso.
Em 1873, o novo governo italiano confiscou o convento, mas deixou os dominicanos cuidando da igreja, uma situação que perdurou até 1912[2]. Porém, em 1931, quando uma nova (e mais conveniente) igreja foi construída por eles para a paróquia no rione Prati, Santa Maria del Rosario in Prati, eles se mudaram para lá. No mesmo confisco, as freiras dominicanas em Santi Domenico e Sisto perderam também o seu convento e, depois de quase sessenta anos, elas se mudaram para o espaço deixado pelos frades na Via Trionfale, onde ainda estão.
Esta comunidade é muito antiga, tendo sido fundada pelo próprio São Domingos em San Sisto Vecchio. As freiras levaram consigo uma grande coleção de relíquias, incluindo algumas do próprio fundador, e um antigo ícone de Nossa Senhora que ainda é venerado no local.
A igreja é subsidiária da paróquia de Santa Maria Stella Matutina.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Exterior
[editar | editar código-fonte]A igreja fica no centro do complexo retangular do convento, cujas alas laterais a circundam de todos os lados, com exceção da fachada. A estrutura é de tijolos. A planta lembra uma fechadura, com uma nave quase elíptica no eixo maior e um longo presbitério. Sobre a nave está uma cúpula, assentada sobre um tambor bem baixo e sem janelas. De chumbo, a cúpula está dividida em oito setores que se encontram numa lanterna central circular com oito altas janelas arqueadas com impostas e encimada por uma cúpula revestida de chumbo com um bola como finial.
Há apenas um campanário, mas o projeto sugere que dois era o plano original.
A fachada da igreja e a das alas laterais que a flanqueiam forma uma fachada barroca majoritariamente simétrica com um beiral horizontal complementado pela cúpula da igreja que se eleva atrás. O campanário é o único elemento que estraga a simetria.
Interior
[editar | editar código-fonte]![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/58/Chiesa_di_S._Maria_del_Rosario_-_Plate_129ii_-_Giuseppe_Vasi.jpg/310px-Chiesa_di_S._Maria_del_Rosario_-_Plate_129ii_-_Giuseppe_Vasi.jpg)
A nave é oval e tem duas capelas de cada lado, todas estruturalmente idênticas e cada uma como um nicho absidal com uma concha. O arco da entrada tem uma arquitrave assentada sobre impostas dóricas e está envolta por pilastras compósitas gigantes similares às da fachada. Elas sustentam dois entablamentos que percorrem todo o perímetro da nave.
A decoração é simples, majoritariamente em branco, azul-claro e amarelo-claro. O piso é um trabalho em mármore colorido baseado na decoração da cúpula e com um brasão dos dominicanos em pietra dura.
O presbitério é uma câmara retangular longitudinal recoberta por uma abóbada de berço com duas baias terminando numa abside e delineada por uma balaustrada de mármore colorido. A abóbada da última baia abriga um afresco do século XIX, "Nossa Senhora entregando o Santo Rosário a São Domingos". Os dois santos de cada lado são o papa São Pio V e São Vicente Ferrer.
O altar está disposto contra a parede de fundo da abside. A decoração da frente, em pedras coloridas em estilo barroco, tem um lóculo que abriga as relíquias de uma obscura e duvidosa mártir cristã de catacumbas chamada "Santa Columba". A peça de altar é uma estátua colorida de Nossa Senhora do Rosário, abrigada num nicho dourado. Acima da moldura, bastante elaborada, está uma janela em formato de oeil-de-boeuf com um vitral heráldico.
O ícone da Madonna di San Luca está atrás de uma grade à esquerda do presbitério. As quatro capelas laterais abrigam obras anônimas do século XVIII e tem o formato de absides, estruturalmente idênticas: uma peça-de-altar emoldurada por um par de pilastras duplas jônicas e as conchas divididas em setores por nervuras.
Além disto, a igreja abriga diversos outros tesouros, como a "Virgem e o Menino" de Antoniazzo Romano (séc. XV), "São Domingos e Santa Catarina de Siena" de Michelangelo Cerruti e a mão esquerda de Santa Catarina de Siena.
Madonna di San Luca
[editar | editar código-fonte]Atrás de uma grade de metal do lado esquerdo está o santuário do maior tesouro da igreja, o antigo ícone de Nossa Senhora. Conta a lenda da chegada do ícone a Roma, escrita por Martinelli em 1642, que três irmãos gregos de Constantinopla chamados Tempulus, Servulus e Cervulus o trouxeram para Roma consigo durante o reinado do "papa Sérgio" (mas não indica qual deles). O ícone, que teria sido pintado ainda durante a vida de Maria por São Lucas, foi abrigado num oratório perto das Termas de Caracala, um local que mais tarde se transformou no mosteiro de Santa Maria in Tempulo[2][3].
A lenda se passa no final do século IV, mas o ícone e o mosteiro aparecem pela primeira vez nas fontes numa bula do papa Sérgio III em 905. O convento foi citado como estando habitado por freiras beneditinas em 1155. Porém, ele acabou sendo fechado em desgraça pelo papa Honório III e algumas das freiras foram levadas para o novo convento de San Sisto Vecchio, de freiras dominicanas; o ícone foi com elas. Ele passou para a nova igreja de Santi Domenico e Sisto em 1575 e, quando o convento foi suprimido em 1873, as irmãs conseguiram salvá-lo e o trouxeram consigo para Santa Maria del Rosario a Monte Mario em 1931[3].
O ícone foi limpo e restaurado em 1960. Como resultado, acredita-se hoje que ele seja datado do século VII ou VIII, provavelmente da Síria ou da Terra Santa. A obra foi pintada numa prancha de tília e parece ter sido originalmente parte de uma deesis ou um políptico. Na imagem, Nossa Senhora gesticula na direção de uma figura de Cristo (perdida)[3].
A imagem que fica na igreja é uma cópia da original, que está preservada no interior do convento (não acessível ao público)[2][3].
Referências
- ↑ «Madonna del Rosario a Monte Mario» (em italiano). InfoRoma
- ↑ a b c d «Chiesa di S. Maria del Rosario» (em italiano). Rome Art Lover
- ↑ a b c d «The Madonna with Golden Hands» (em inglês). Wonders of Rome
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Armellini, Mariano (1891). «Le chiese di Roma dal secolo IV al XIX» (em italiano). Roma. p. 842
- Rendina, C. (2000). «Le Chiese di Roma» (em italiano). Milano: Newton & Compton Editori. p. 193-194
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Chiesa di S. Maria del Rosario» (em italiano). Roma Natura